quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Adultos também gostam de aprender

“Despertar a alegria da expressão e do conhecimento criativos é a arte suprema do professor.” 
(Albert Einstein)

E como gosta!

A questão toda reside em termos pessoas que gostem de ensinar adultos, preparadas para fazê-lo.

Contrariamente ao que muitos pensam e até ao que muitos dizem, adulto aprende de forma diferente de criança. O adulto gosta de aprender e se envolverá de verdade no aprendizado, se os pressupostos assumidos pelo facilitador do processo forem andragógicos. Em outras palavras eu diria que ainda não descobri 100% o segredo do sucesso no ensino de adultos, mas com segurança já descobri o segredo do fracasso no ensino de adultos: Tentar ensiná-los como se fossem crianças. Ou, tecnicamente falando querer aplicar a Pedagogia no ensino de adultos. “Adulto é alguém que se percebe e se comporta como adulto.”, definiu Malcoln Knowles (The modern practice of adult education, 1980). Isso tem implicações muito importantes no ensino, pois aponta para uma dos princípios basilares da Andragogia, qual seja o da autonomia do adulto no processo de ensino e aprendizagem.

Especialmente no contexto eclesiástico, notadamente na dimensão do ensino, mas também na da pregação, o foco observado na prática contemporânea está bem distante do que preceituam os estudos mais modernos e relevantes sobre a forma de ensinar adultos.

Por esta razão, em boa hora, Zezina Soares Belan, exímia educadora, com formação acadêmica sólida e experiência inconteste na área de ensino de adultos, fez vir a lume seu texto“Andragogia em ação – Como ensinar adultos sem se tornar maçante” (Z3 Editora, SP. 134 páginas), um livro escrito com o pensamento da autora voltado para quem tem a tarefa de ensinar adultos.


Nos dez capítulos de seu brilhante texto, Zezina Belan demonstra que, não apenas é fato que adultos gostam de aprender, como também é verdade que é possível aprender ensiná-los de forma que gostem e se envolvam.

Nos três primeiros capítulos, a autora, além de arriscar uma definição de Andragogia como “a ciência que apresenta uma metodologia voltada para a aprendizagem do aluno adulto” e frisar que o adulto quer entender porque tem que aprender algo; prefere aprender o que o ajudará a resolver seus problemas e precisa aprender experimentalmente; foca em quem é o adulto: Autônomo, participativo e com capacidade média de concentração contínua em torno de 7 minutos; em como o adulto aprende de forma diferenciada.

Nos sete capítulos restantes, Zezina acende o holofote de seu texto na pessoa do professor de adultos, que precisa ser um facilitador, um agente de mudanças, um despertador do desejo de aprender; devendo explorar as características da aprendizagem dos alunos adultos através de técnicas e métodos apropriados. Procura mostrar que o facilitador precisa observar a diferença entre objetivos e conteúdo, selecionar métodos de ensino e dinamizar as aulas para estimular os adultos a prosseguirem.

O texto vai mais a fundo e aborda métodos, técnicas e recursos para o ensino de adultos, ensinado que através dos recursos audiovisuais a aprendizagem se processa com maior eficácia e que o uso simultâneo de metodologias e a ativação de mais sentidos aumentam a retenção do que deve ser aprendido. No entanto, como tudo na vida, o bom planejamento é de suma importância. Neste sentido, a autora sugere que o facilitador tenha boa visão do processo de ensino: Enxergue que antes de ensinar precisará se organizar, imaginar-se na situação de ensino, praticar e relaxar; durante o ensino não poderá se esquecer de manter contato visual com os alunos, movimentar-se e usar os recursos extraordinários da sua voz; depois ensinar precisará responder as demandas dos alunos e ir avaliando como está se dando a retenção do aprendizado.

O texto termina com uma chamamento à criatividade, deixando claro que ela resulta de esforço, vontade, força de vontade e vontade de esforçar-se. Conclui: “Sua criatividade é uma excelente ferramenta no preparo de suas aulas. (...) Solte sua imaginação (...) e lembre-se de colocar em tudo seu bom humor.(...) Não fique aí parado! Coloque sua criatividade em ação e seja um vencedor.” (páginas 132, 133).

É um texto provocativo, elucidativo e de leitura indispensável para quem deseja ensinar adultos sem perdê-los nos primeiros minutos de aula, sem irritá-los e sem fazê-los ter aquela sensação de que poderiam estar usando de maneira mais relevante e útil, o seu tempo. É um texto que tem potencial de ajudar você a ensinar adultos de forma a fazê-los contar os dias até a sua próxima aula. Leia e, como adulto, constate por você mesmo.

Pr. Lécio Dornas
Sociedade Bíblica Americana, USA

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