sábado, 1 de agosto de 2015

Professor – Profissão de desafios e problemas

O professor é aquela pessoa que pensa contribuir para tornar a sociedade melhor, através do seu trabalho de formar seres humanos que com suas habilidades e capacidades encontrarão seu lugar na sociedade.

Preocupa-se com o conteúdo e as estratégias que irá usar para transmitir os seus conhecimentos e tornar a aula agradável e interessante.

O salário não é o que o mantêm na carreira, na grande maioria dos casos. Sabemos que os professores são mal remunerados pelas horas trabalhadas. Na realidade, o seu trabalho tem início com a preparação das aulas, continua em sala de aula e prossegue após as aulas, com a correção de trabalhos, provas, cadernos e apostilas. Avalia se há necessidade de reestruturar suas aulas ou pode seguir adiante.

Essa é a parte mais fácil da profissão, o que é previsível e controlável. O professor dedica anos de sua vida estudando e formando-se para isso.


A parte mais difícil é a que tem trazido professores para a terapia: a convivência com os alunos, pais, coordenadores e diretores. O estresse advindo desses relacionamentos tem prejudicado o desempenho e a vida pessoal e profissional deles.

Há trinta e três anos, quando me formei como professora, esses problemas praticamente inexistiam. Isso porque as crianças vinham para escola com vontade de aprender e recebiam dos pais a instrução de respeitar o professor.

O professor representava a figura dos pais, na ausência dos mesmos. Os alunos respeitavam e obedeciam as ordens dadas. As aulas transcorriam bem e o professor podia transmitir seus conhecimentos e ver, com satisfação, o progresso dos alunos. Os alunos, por sua vez, aportavam suas ideias e conhecimentos para enriquecer as aulas. Havia uma troca de informações. Nas festas escolares os professores se esmeravam para ensaiar números novos onde cada aluno pudesse mostrar sua alegria ao participar. As famílias vinham para assistir e prestigiar, trazendo também, tios, avós, primos e vizinhos. Era uma confraternização onde todos saiam felizes.

Ao longo dos anos, as transformações ocorridas na sociedade se refletiram dentro das salas de aula. As crianças não mais recebiam a instrução de obedecer e respeitar o professor. O professor deixou de ser respeitado como um pai ou mãe, até porque os filhos perderam o respeito pelos pais. Os pais na ânsia de serem liberais se perderam na hora de estabelecer limites e transmitir valores.

As crianças pensam que sabem tudo e podem tudo. Até chegar ao triste quadro que vemos, no noticiário da TV, de crianças que ofendem e agridem fisicamente os professores. Pais que vão à escola, sem saber como agem seus filhos na sua ausência, e põem a culpa no professor pelas más notas do filho.

A televisão, a internet e os meios de comunicação transmitem informações às crianças que nem sempre têm a maturidade para entendê-las.

Os valores mudam radicalmente: se usam as pessoas e se amam os objetos.

A formação perde o sentido quando ouço de um pai:

-Se passar de ano, te dou um carro!

O filho vai “tirar a nota” que precisa não porque quer aprender, mas sim porque quer o carro. Que valor esse pai transmite ao filho?

O sistema também mudou e por longos anos não se podia reprovar o aluno. Davam a ele todas as chances de alcançar a nota necessária. Caso isso não ocorresse, podia fazer um trabalho para complementar a nota. Os alunos sabiam e nem se preocupavam, pois sabiam que não repetiriam o ano e não haveria punição pela falta de estudo e mau comportamento.

Com tantas mudanças, o desafio do professor é cada vez maior.

1- Dominar o conteúdo, preparar uma aula interativa, interessante e que compita com a velocidade das informações obtidas pelos alunos na internet.

2- Ter jogo de cintura e driblar o mau comportamento dos alunos.

3- Adequar-se à realidade da instituição onde presta serviço.

4- Tentar formar o indivíduo que lhe foi confiado no papel de aluno, transmitindo os conhecimentos e valores necessários.

5- Estar disponível sempre que a escola o requisitar.

6- Ter autoestima elevada para aguentar todas as adversidades sem deixar transparecer o seu cansaço, aborrecimento, desapontamento e tristeza em todas as ocasiões em que seus direitos são desrespeitados.

Poderia prosseguir com essa lista, mas creio que já é suficiente para exemplificar alguns motivos que levam um professor a fazer terapia.

A terapia é um momento onde o professor pode expor todos os seus sentimentos e dificuldades. É um espaço de reflexão e reavaliação de sua atuação, de seus conceitos e objetivos. É o momento para estabelecer novas metas para o seu futuro próximo e também para o distante.


http://psicoclin.com/2011/12/28/professor-profissao-de-desafios-e-problemas/


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