A OMEBE - Ordem dos Ministros Evangélicos no Brasil e no Exterior, possui 17 Departamentos, dentre eles está o DERE - Departamento de Ensino Religioso nas Escolas. É o órgão responsável pela administração do Ensino Religioso do Credo Evangélico nas Escolas do Estado do Rio de Janeiro.

sábado, 1 de agosto de 2015
O professor e a notícia
O ensino está precário porque os professores de hoje são malformados, despreparados e ultrapassados. Quem nunca se deparou com esse discurso? Repetido em unanimidade pelos veículos de comunicação, esse enunciado contribui para a construção de uma imagem pejorativa do docente perante a sociedade e o culpa pelas deficiências do sistema de ensino. Além disso, a cobertura jornalística sobre educação feita no Brasil ignora temas mais complexos e o embate profundo de ideias.
É o que aponta o estudo “Quando o professor é notícia? Imagens de professor e imagens do jornalismo”, desenvolvido pela pesquisadora e jornalista Katia Zanvettor Ferreira como tese de doutorado para a Faculdade de Educação da USP. Na pesquisa, Katia investigou como notícias e reportagens da mídia brasileira interpretam e constroem uma representação do professor e de sua atuação. Segundo ela, foi possível observar uma predominância de discursos depreciativos, nos quais o principal argumento pró-qualidade do ensino aparece como a substituição dos professores atuantes.
“Os textos jornalísticos fazem uso de bandeiras legítimas e históricas da classe docente, como o reconhecimento de seu papel profissional, a valorização da carreira e aumento de salários, e as distorcem. Falam que a docência precisa ser valorizada, porém, não com os professores que temos, mas com outros mais qualificados, bem formados, jovens, que estão com garra para mudar as coisas. Em outras palavras, é uma valorização da carreira desvalorizando os profissionais que estão nela”, explica. Em contrapartida, há uma sobrevalorização do jornalista, que se coloca como um bom avaliador do professor. “A imprensa faz juízo de valor ainda que não seja essa a sua tarefa”, diz.
Para Sueli Cain, diretora acadêmica do grupo educacional Weducation, controlador, entre outros, dos colégios Mater Dei, Internacional Ítalo-Brasileiro e Internacional Vocacional Radial, o professor é retratado pela mídia como um profissional que até tem força de vontade, mas não possui formação adequada para exercer sua profissão. Assim, ele é causador em parte da deficiência educacional dos alunos. “Há projetos que valorizam o professor na mídia, porém são poucos. Geralmente, o professor é mostrado como profissional mal preparado, que não consegue manter o nível de suas aulas por excesso de trabalho e que, por esses motivos, ajuda a educação a ir à bancarrota”, diz.
Ao ignorar a realidade do complexo universo educacional brasileiro, a mídia reproduz um discurso preconceituoso, baseado no senso comum. É o que acredita Cibele Racy, diretora do EMEI Guia Lopes, em São Paulo: “Se é certo que a educação precisa se oxigenar, é certo também que não podemos descontextualizar a figura do professor ou atribuir-lhe o ônus de uma série de equívocos historicamente promovida pelas gestões públicas ou a ausência de políticas sérias que visem a valorização desses profissionais”.
Para a diretora, novelas e noticiários, entre outros produtos midiáticos, fazem um desenho daquilo que seria um bom ou mal profissional da educação. “Se, por um lado, as professoras primárias das novelas atribuem-se características angelicais e pouco profissionais, baseadas na ideia de que a professora seria uma segunda mãe ou aquela que trabalha por amor, por outro, os minutos dedicados à realidade desses profissionais dividem-se entre colocá-los como vítimas de um contexto hostil ou como protagonistas de distúrbios comportamentais bárbaros, criminalizando-os”, diz Cibele.
Valdir Heitor Barzotto, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e cocoordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas, Produção Escrita e Psicanálise, destaca que outro chavão reproduzido pela imprensa é aquele que diz que os professores bons são aqueles que ganham bem e que foram trabalhar em outras coisas, pois só os ruins, que se sujeitam a trabalhar por salários baixos, permanecem na escola. “A gente tem tentado debater isso porque, afinal, não há nada que sustente essa tese. A mídia não procura um professor da escola básica para falar sobre assuntos sérios, é sempre para expô-lo como testemunha da baixa qualidade da escola”, afirma.
Isso porque o jornalista deixou de usar o professor como fonte. “Em vez de ouvir o docente que tem muito a dizer sobre seu trabalho, procuram-se as secretarias de Educação, os dados oficiais, as organizações não governamentais ou então os professores-pesquisadores das universidades públicas”, diz Katia. Para Sueli, isso acontece porque a mídia não acredita em docentes que não tenham títulos e que não ministrem aulas em escolas consideradas de primeira linha. “Os artigos jornalísticos sobre educação são produto de entrevistas com especialistas que não estão, porém, em salas de aula. Temos realidades muito diferentes em escolas do mesmo bairro, que dirá de estados e regiões”, diz. É preciso lembrar, no entanto, que muitos professores e diretores temem ser punidos pelo que dizem à imprensa e a maioria precisa de autorização das secretarias para ser entrevistados, o que reforça o caráter oficial de suas declarações.
Para os especialistas, o retrato do docente na imprensa só é positivo quando ele é o “professor nota 10”. “É aquele professor que faz tudo certo, ganha prêmios, um missionário que precisa abrir mão de tudo, sacrificar-se pelo ofício”, explica Katia. O problema desse outro extremo, segundo Valdir, é que esse profissional é desinteressante para o resto da comunidade docente.
Formação ou informação
No estudo, Katia ainda observou que o discurso pejorativo sobre o professor acaba sendo assimilado e reproduzido pelo próprio docente. Essa situação contribui para que o professor permaneça com uma constante sensação de falta, de má formação. “Em tempos de globalização, me diz um profissional que precisa ser mais bem preparado, se atualizar? Não é uma particularidade do professor, é uma característica da contemporaneidade. Mas a cobrança recai sobre ele”, diz.
Valdir defende que o problema é mais profundo: “Fortalecer um discurso de má formação ajuda a vender cursos de capacitação, por exemplo. Logo, um professor eternamente malformado é um negócio”. Ele lembra que a estratégia para aprimorar a qualidade do ensino adotada pelas redes costuma perpassar esse ponto. “O discurso do governo para resolver os problemas da educação é sempre o mesmo: comprar computadores, oferecer cursos de capacitação. A educação é um mercado interessante e para justificar a compra é preciso, antes de tudo, desqualificar na mídia o agente da formação”, diz.
Um caminho para a escola reverter esse quadro é divulgar o trabalho dos professores, aproximando-o dos órgãos públicos e da sociedade. “Se a mídia tem o poder de manipular a opinião pública, a escola não tem outra saída senão abrir suas portas, expondo-se como ponto de disseminação de conhecimento e cultura”, diz Cibele.
Por Thais Paiva
http://www.cartafundamental.com.br/single/show/148
quarta-feira, 22 de abril de 2015
IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros é contra o ensino religioso confessional nas escolas públicas
O Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) firmou posição contra o ensino religioso confessional nas escolas públicas, previsto no acordo firmado entre a Presidência da República e a Santa Sé, em 2010. Por meio do decreto 7.107/2010, o governo promulgou o acordo relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, firmado na Cidade do Vaticano no dia 13 de novembro de 2008. Na sessão ordinária desta quarta-feira (8/4), conduzida pelo presidente Técio Lins e Silva, o IAB decidiu, por unanimidade, acolher a sugestão do consócio Gilberto Garcia de que o Instituto se inscreva para participar da audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 15 de junho, e apóie a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4439 ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A PGR propôs que o STF interprete o decreto 7.107/2010 à luz da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Em seu art. 33, a LDB estabeleceu que "o ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo".
A PGR defende a tese de que a única forma de compatibilizar o caráter laico do Estado brasileiro com o ensino religioso nas escolas públicas consiste na adoção de modelo não confessional. Para a PGR, a disciplina deve ter como conteúdo programático a exposição das doutrinas, práticas, história e dimensões sociais das diferentes religiões, incluindo posições não religiosas, sem qualquer tomada de partido por parte dos educadores. Ainda de acordo com argumentação contida na ADI, a disciplina deve ser ministrada por professores regulares da rede pública de ensino, e não por "pessoas vinculadas às igrejas ou confissões religiosas".
Pluralidade dos pontos de vista - A audiência pública foi convocada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, relator do processo. Em seu despacho, o ministro esclareceu que os participantes dos debates serão selecionados com base nos critérios da representatividade da comunidade religiosa ou entidade interessada, da especialização técnica e expertise do expositor, e da garantia da pluralidade da composição da audiência e dos pontos de vista a serem defendidos.
Segundo Luís Roberto Barroso, a complexidade do tema "recomenda a convocação de audiência pública para que sejam ouvidos representantes do sistema público de ensino, de grupos religiosos e não religiosos e outras entidades da sociedade civil, bem como especialistas com reconhecida autoridade no tema". Conforme o relator, "as questões extrapolam os limites do estritamente jurídico, demandando conhecimento interdisciplinar a respeito de aspectos políticos, religiosos, filosóficos, pedagógicos e administrativos relacionados ao ensino religioso no país".
Para o ministro, há três pontos a serem discutidos na audiência pública. Um deles são as relações entre o princípio da laicidade do Estado e o ensino religioso nas escolas públicas. De acordo com Luís Roberto Barroso, também é necessário debater as diferentes posições a respeito dos modelos confessional e não confessional, como também o impacto de sua adoção sobre os sistemas públicos de ensino e as diversas confissões religiosas e posições não religiosas. O ministro defende, ainda, a discussão sobre as diferentes experiências dos sistemas estaduais de educação com o ensino religioso.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Reunião com Professores de Ensino Religioso - 22/10/2014
CONVITE
Convidamos os Professores de Ensino Religioso Evangélico nas Escolas do Município e Estado do Rio de Janeiro, para nosso “SEGUNDO ENCONTRO DE 2014”, que acontecerá no dia 22 de outubro, às 13 horas, no auditório da OMEBE.
PRINCIPAIS ASSUNTOS:
1. Experiências Exitosas
2. Homenagem ao dia do Professor
3. Aula prática4. Palestra Políticas Educacionais Internacionais - Os Quatro Pilares da Educação segundo UNESCO e suas implicações para as Políticas Publicas em EDUCACAO no Brasil - Uma Introdução – Pr. Francisco Nery
Solicitamos que confirme presença, através desse e-mail: omebenacional@hotmail.com, ou através dos telefones: (21) 2263-4761, 2263-8896.
Contamos com a colaboração dos senhores e senhoras para que tenhamos um ótimo Encontro.
Atenciosamente,
Departamento de Ensino Religioso nas Escolas - DERE
quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Resenha: Um Sonho de Liberdade
“Educação se constrói. Não é algo inventado, ou adquirido de uma hora para outra. É feita no dia-a-dia. Em um momento pode-se colocar tudo a perder, se nós educadores não amarmos o que fazemos e também aqueles para quem fazemos”. (Marjorie E. Navarro)
Há algum tempo assisti ao Filme Escritores da Liberdade. Gostaria de falar um pouco sobre ele. É um filme baseado em fatos reais. A história se passa por volta do ano de 1992, onde a cidade de Los Angeles vive uma verdadeira guerra nos seus bairros mais pobres, causados por gangues que são movidos pelas tensões raciais.
O filme nos fala de uma instituição chamada escola, que não consegue promover a educação para um grupo marginalizado, uma instituição que valoriza os chamados bons e exclui aqueles que precisam lutar dia-a-dia pela própria vida, que nem sabe se chegará a maioridade.
É meio a este drama, vivido por adolescentes na faixa etária entre 14 e 15 anos que Erin Gruwell assume a sala de aula. Uma professora recém-formada, cheia de sonhos e, ideais. Ela fora criada em berço de ouro, ostenta suas belas pérolas, mas aos poucos vai percebendo que se não mudar suas atitudes, não conseguirá atingir nem o coração e, nem a mente de seus alunos. Ela imaginava que todos os alunos iriam corresponder ao seu modelo educacional, tornando-se frustrante os primeiros encontros, as brigas, os desencontros e as insatisfações são constantes nas expressões dos alunos, simplesmente ela é ignorada a ponto de ficar sozinha na sala de aula.
Aquela turma era uma turma excluída. Não eram aceitos pela sociedade de sua cidade, muito menos pela sociedade escolar. Eram alunos negros, mulatos e latinos, fadados ao fracasso, porque não acreditavam em si próprios.
Erin leva até a direção da Escola Wilson a dificuldade encontrada em sala de aula, e também é ignorada inclusive pela direção da escola. Erin não desiste, chega em sala de aula com uma proposta de trabalho que se identifica com os alunos, fala com eles através do Hap, a música que eles gostam. No primeiro momento os argumentos são bizarros, os questionamentos são ofensivos: “...o que você faz aqui? o que vai fazer não vai mudar minha vida...” Por ela ser branca e rica, eles acabam achando que aquilo é um tipo de zombaria com eles e não aceitam a atitude dela. Profundamente assustada a professora responde perguntado se vale a pena participar de gangues, e se serão lembrados pelas atitudes.
Nesse instante a primeira semente é lançada, cada um tem a oportunidade de falar de si próprio, de seus medos, suas angústias, suas mágoas e demasiada violência. Ao manter este contato com alunos, e participando de forma ativa no mundo deles, a professora conquista a confiança, desse modo passa a etapa de superação das dificuldades, através da metodologia da leitura e escrita em diários. Eles registram tudo o que sentirem vontade de escrever a respeito da sua vida.
O respeito e autoconfiança são resgatados. Erin apresenta uma nova realidade possível de transformação. Os alunos saem da condição de marginalidade, de oprimidos e iniciam no campo das possibilidades, ao lutarem pelos seus ideais, pelas suas conquistas ao enfrentarem os obstáculos, não mais com a violência, mais com o conhecimento.
Gostaria de instigar o seu pensamento neste momento: o que estamos de fato fazendo em sala de aula que pode mudar a vida dos nossos alunos? O que estamos fazendo de diferente para que possamos vê-los estudando, ao invés de entrar para uma gangue ou usar drogas? O que precisamos mudar em nosso jeito de ser, falar, agir...? O que precisamos ensinar?
O filme Escritores da Liberdade traz na sua essência o resgate e a valorização a “Educação”. Te seu ápice, quando a professora lê as histórias escritas por eles, seus alunos e, viaja no mundo onde eles vivem, sente o que eles sentem e, sofre por pessoas que ninguém daria nada.
Quero deixar o grande desafio para cada um dos educadores de nosso país: não importa qual o lugar que estejamos atuando, precisamos sim, entender como nossos alunos vivem, o que sentem... Precisamos contextualizar o ensino, precisamos entender a diversidade e a pluralidade cultural, precisamos assimilar as diferenças sociais e econômicas, sem excluir ninguém.
Marjorie Esquina Navarro
Pedagoga, Missionária da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira.
Trabalha como Educadora Social no Lar David Gomes em Barreiras, BA.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Seminário de Liderança Exemplar - Dia 29 de agosto, das 9h às 17h
Você não pode perder essa oportunidade. Próxima 6a. feira, dia 29 de agosto, às 9h!
Um dos melhores cursos sobre Liderança e Estratégias do momento.
Como ser um Líder Exemplar trabalhando em Equipe.
Faça já a sua inscrição.
Esperamos você!
Um dos melhores cursos sobre Liderança e Estratégias do momento.
Como ser um Líder Exemplar trabalhando em Equipe.
Faça já a sua inscrição.
Esperamos você!
Pr. Joaquim de Paula Rosa
Coordenador Geral da OMEBE
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Refletindo sobre o fenômeno da aprendizagem
“... o fim da educação... é facilitar a aprendizagem (...) facilitar a aprendizagem reside em certas qualidades de atitudes que existem na relação pessoal entre o facilitador e o aprendiz.”(Carl R. Rogers)
INTRODUÇÃO
Observando
o pequeno S. L. L. F. de 6 anos de idadebrincando com seus quebra-cabeças
chamou-me atenção às inúmeras tentativas de acertar. Em dado momento ele se deu
conta de que já havia uma figura montada na caixa do brinquedo e, a partir daí
conseguiu realizar a tão desejada montagem. A descoberta o deixou eufórico.
Batendo as mãos veio em minha direção gritando: - “Você viu, tia, eu
consegui, eu aprendi.” A alegria da comemoração atraiu outros familiares e o
contentamento foi geral.
Algo,
assim acontece com o bebê diante de uma novidade: bater palmas, dançar, cantar,
reconhecer o barulho de um carro etc., ou o adulto que experimenta pela
primeira vez ler, escrever, usar o computador enfim, qualquer situação que
sinaliza um avanço de aprendizagem significativa – sem dúvida fruto do esforço
próprio.
Segundo
pesquisas dos neurocientistas “a mente e cérebro saudáveis são por natureza
ávidos por informações”. A predisposição para aprender depende entre outras
situações da maturação de cada um.
A
predisposição para aprender depende entre outras situações da maturação de cada
um.
Mesmo
com as diferenças individuais, aprender é tão importante para a dinâmica
psíquica que temos um “detector de novidades” que seleciona e “avisa” o cérebro
da chegada de informações até então desconhecidas.
Muitas
vezes a curiosidade (essa importante aliada) que permeia o processo de aprender
se perde ou fica em segundo plano por falta de estímulo. O ser humano foi feito
para explorar, experimentar e dominar novas tecnologias, sem opressão e sem
obrigação, pois estas nublam o prazer de aprender, um novo saber assemelha-se a
degustar um novo sabor, isto representa um dos maiores desafios, pois propicia
crescimento, maturidade e sobretudo é satisfatório.
O
ser humano foi feito para explorar, experimentar e dominar novas tecnologias,
sem opressão e sem obrigação, pois estas nublam o prazer de aprender
1.
Aprender
A
ciência pedagógica tem sido inquieta quanto ao fenômeno da aprendizagem.
Algumas teorias divergem no que se refere à natureza dos processos e mecanismos
particulares em jogo. É notório que a aprendizagem constitui-se em um processo,
uma função que vai além da aprendizagem escolar e que não se circunscreve
exclusivamente a criança.
O
ser humano aprende no uso de todo o seu organismo para melhor integrar-se no
meio físico, atendendo as necessidades biológicas, psicológicas e sociológicas
que se apresentam no transcorrer da vida. Essas necessidades são consideradas
obstáculos. Se não houvesse obstáculos não haveria aprendizagem. A
predisposição para aprender advém dos obstáculos. O ser humano liberta-se cada
vez mais, quando se defronta com os obstáculos e supera-os.
Daí,
podemos entender que o papel do professor não é de meramente oferecer novos
conteúdos, e sim, sensibilizar o aluno a querer superar os obstáculos da vida
acadêmica.
O
papel do professor não é de meramente oferecer novos conteúdos, e sim,
sensibilizar o aluno a querer superar os obstáculos da vida acadêmica.
“Nada
que diga a respeito ao ser humano, à possibilidade de seu aperfeiçoamento
físico e moral, os obstáculos a seu crescimento (...) nada que diga respeito
aos homens e mulheres podem passar despercebidos pelo educador progressista.
Não importa com que faixa etária trabalha (...) são gente em permanente
processo de busca.” (FREIRE – 1996. p.144)
2.
A Evolução do Conceito de Aprendizagem
Até
o início do séc. XVI aprender significava memorizar. Os alunos memorizavam
textos exigidos pelos professores sem qualquer questionamento. Isto os tornavam
passivos, dependentes e inaptos, pois a memorização de textos não os preparavam
para a reflexão, nem para a produção e muito menos para o diálogo crítico. Ao
contrário os alunos eram automáticos e repetidores.
A
partir do séc XVII Comenius, o Pai da Didática Moderna, apresentou um novo
conceito de aprendizagem que consistia de três estágios:
1.
Compreensão (entendimento teórico).
2.
Memorização (registro cognitivo – a memória retém o que foi ensinado).
3.
Aplicação (é a aprendizagem em prática).
Dessa
forma o ensino passou a ser tanto expositivo como explicativo. Hoje,
verifica-se que a explanação verbal serve apenas para introduzir a aprendizagem
e não para incorporá-la de fato ao entendimento do indivíduo:
“A aprendizagem é um processo lento, gradual e complexo de
interiorização e assimilação no qual a atividade do aluno é fator decisivo. A
atividade não é de modo algum um processo passivo de mera reciprocidade. É,
pelo contrário, um processo eminentemente operativo em que a atenção, o empenho
e o esforço do aluno representa papel central e decisivo.” (MATTOS, 1963)
3.
Conceituando Aprendizagem
O
conceito clássico de aprendizagem diz ser uma mudança de comportamento. O
termo comportamento não se aplica só as ditas aprendizagens escolares. A
aprendizagem é construída pelas ocorrências do dia-a-dia desde o nascimento. É
por meio da aprendizagem que o indivíduo desenvolve comportamentos que
possibilitem interagir no meio social. Todas as atividades e realizações
humanas demonstram o resultado da aprendizagem.
A
aprendizagem é um processo tão importante e rico para a sobrevivência humana
que cada vez mais as escolas e as tecnologias estão em ritmo de aperfeiçoamento
para que as ações pedagógicas tenham os seus projetos mais eficientes.
A
aprendizagem é um processo tão importante e rico para a sobrevivência humana
que cada vez mais as escolas e as tecnologias estão em ritmo de aperfeiçoamento
para que as ações pedagógicas tenham os seus projetos mais eficientes.
As
habilidades, os interesses, as atitudes e as informações adquiridas, dentro e
fora das escolas contribuem para o ajustamento do indivíduo ao ambiente físico
e social, como também, propicia ao indivíduo a ter uma vida mais autônoma,
vivendo melhor (ou pior), mas, indubitavelmente, a viver de acordo com o que
aprende.
“Para
que a aprendizagem provoque efetiva mudança de comportamento e amplie o
potencial do educando é necessário que ele perceba a relação entre o que está
aprendendo e a sua realidade (circunstâncias que o rodeia).” (DROQUET,
1995, p11)
4.
O Prazer de Aprender
“Nosso
cérebro quando confrontado com o desconhecido empenha-se para que lembremos não
apenas da novidade, mas também, das circunstâncias que envolvem o fato – o que
contribui para aprendermos de modo mais prazeroso.” (FENKER &
SCHUTZE)
O
Instituto de Neurologia Cognitiva da Universidade Otto von Guericke em
Magdeburgo, Alemanha apresentou um estudo que pudesse responder como as células
neurais se comunicam entre si. As pesquisas mostraram que essa função é
desempenhada no cérebro por neurotransmissores as chamadas “substâncias
mensageiras” – a dopamina (células neurais nas quais se encontram o
neurotransmissor). O hipocampo (parte do lobo temporal do córtex, onde
informações dos diversos sistemas sensoriais se juntam e desempenham importante
papel para formação da memória). Se deixar de funcionar nos dois hemisférios
causa no indivíduo a incapacidade cognitiva de gravar novas informações. Por
isso o hipocampo é considerado o “detector de novidades” do cérebro.
Os
especialistas em neurociência explicam que se vivermos uma situação nova – e
inesperada, esse acontecimento fica registrado de forma mais intensa na
memória. Como se explica isso? Pelo fato de que as diversas regiões cerebrais
participam dos processos de percepção e memorização. Uma das mais importantes
áreas de percepção é o hipocampo – que se localiza na área inferior interna do
lobo temporal.
Pode-se
concluir que a novidade é um mecanismo estimulador, ou seja, a novidade é uma
ponte didática para estimular a aprendizagem e a memória, além de tornar mais
agradável e eficiente o desafio de aprender. Essa conclusão fornece aos
educadores uma possível ferramenta para a estruturação de suas aulas: o uso
estratégico de conteúdos surpresas. E, na prática seria conveniente considerar
que muitos professores estão habituados, primeiramente, rever a matéria da
última aula antes de passar para o novo tema.
Não
se trata de negligências a revisão de conteúdos o que se propõe é apresentar
nos primeiros momentos da aula o novo conteúdo – revestido (se possível) de
criatividade, a fim de provocar impacto e preparar o cérebro para novas
construções. Assim, as atividades de revisão, nem sempre estimuladoras, fossem
retornadas num ritmo mais agradável.
“Ensinar e aprender tem que ver com o esforço metodicamente crítico do
professor (...) a prática educativa envolve afetividade, alegria, capacidade
científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da
permanência do hoje.” (FEIRE, 1996. p 143)
5.
O afeto e a Aprendizagem
O
ser humano nasce com predisposição para interagir. Para sobreviver necessita
estabelecer uma relação estável com outras pessoas em seu ambiente. Com esta
relação os padrões afetivos se desenvolvem, fornecem substrato para
aprendizagem que vai se processando lenta e gradual. É neste contexto que o
bebê dá início à construção de seus esquemas e da sua afetividade.
A
educação infantil é o referencial básico desta inter-relação do professor com a
criança que gera uma proximidade afetiva. Essa inter-relação é o fio condutor e
o suporte emocional da aprendizagem.
“A atividade docente de que a discente não se separa é uma experiência
alegre por natureza (...) A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade.
O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no
cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade.” (FREIRE, 1996. p 141)
A
criança precisa ser amada, aceita, acolhida, ouvida etc. a fim de que possa
despertar para vida da curiosidade e do aprendizado. A presença satisfatória do
adulto dá a criança segurança física e emocional preparando-a para o
aprendizado.
“O amor é um sentimento nobre que tem a capacidade de fazer o ser humano
feliz. Todos nascem para a felicidade. Esta é uma verdade universal. Em
qualquer cultura por maiores que sejam os obstáculos ninguém quer ser infeliz
(...) Quando se falar em felicidade se fala em amor (...) o amor que faz com
que o equilíbrio possa ser visível. O amor simplesmente o amor.”(CHALITA, 2001. p 245)
O
afeto e a inteligência se estruturam nas ações e pelas ações dos indivíduos
sendo o afeto entendido como uma fonte energética necessária para que a
estrutura cognitiva passe a operar, ou seja, sem matéria-prima não podemos
operar o produto.
O
afeto influencia a velocidade com que se constrói o conhecimento, pois quando o
indivíduo se sente seguro aprende com mais facilidade. Tanto a inteligência
quanto a afetividade são mecanismos de adaptação do ser humano com o mundo onde
está inserido.
O
afeto é também um regulador de ação influindo na escolha de objetivos e na
valorização de si próprio. O papel do professor é específico. Ele prepara e
organiza o universo onde os indivíduos atuam, buscam e se interagem. A postura
do professor se manifesta na percepção e sensibilidade do interesse do aluno de
sentir o mundo.
A
postura do professor se manifesta na percepção e sensibilidade do interesse do
aluno de sentir o mundo.
“Para
ser validada toda educação, toda ação educativa deve necessariamente ser
precedida de uma reflexão sobre o homem e de uma analise do meio de vida
concreto, do homem concreto a quem queremos educar, ou melhor: a quem queremos
ajudar a que se eduque. Se vier faltas tal reflexão sobre o homem corre-se o
risco de adotar métodos educativos e maneiras de agir que reduzem o homem a
condição de objeto, quando a sua vocação é a de ser sujeito e não objeto.” (FREIRE
2000)
CONCLUSÃO
Retomando
o que já foi dito sobre a aprendizagem, está não é uma ação mecânica, uma
simples transmissão do professor que ensina e do aluno que aprende. Ao
contrário, é uma relação recíproca na qual se destaca o papel dirigente do
professor e as atividades do aluno. O ensino não subsiste isoladamente, mas na
relação com a aprendizagem e esta exige atividade mental para se concretizar.
Jonhn
Dewey (filósofo e educador norte-americano defendia a democracia e a liberdade
de pensamento como instrumento para a maturação emocional e intelectual da
criança. 1859-1952): “Só se aprende a fazer fazendo”.
As
atividades extraclasse colocam o educando em condições de mostrar o que foi
aprendido devido a participação do aluno. A participação só faz sentido quando
o aluno está motivado, ávido por saber, manifestando, espontaneamente, o desejo
de novas informações. A isto chamamos de liberdade.
Portanto,
todo ensino deve visar o conhecimento, a habilidade e atitude que não sejam
mostruários apenas nas avaliações escolares, mas principalmente, fora dela.
Deve o professor contribuir em sua prática didática para a construção de
conhecimentos essenciais para a vida do aluno e não se detendo em aspectos
secundários e memorísticos que pouco contribui para o impacto cognitivo. A
aprendizagem não pode ser lógico-matemática e lingüística, precisa ser
integral.
O
afeto contribui para que o aluno se sinta seguro para elaborar e esquematizar
atividades (sejam escolares ou lúdicas). Quando se sente fragilizado, seja qual
for o motivo a memória não ajuda. A qualidade da aprendizagem depende da saúde
física e emocional e todo professor deve atentar-se para isto.
“Não basta aprender a conhecer. É preciso aprender a pensar, a pensar a
realidade e não apenas pensar pensamentos, pensar o já dito, o já feito
reproduzir o pensamento (...) É preciso pensar também um novo, reinventar o
pensar, pensar e reinventar o futuro.” (Moacir Gadott)
Bibliografia
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários a Prática Educativa,
São Paulo: Paz na Terra. 1996.
MATTOS,
Luiz Alves de. Sumário da Didática Geral. 16ª ed., Rio de Janeiro: Ed
Aurora, 1963.
DROUET,
Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. 2ªed., São Paulo:
Ática, 1995.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários a Prática Educativa,
São Paulo: Paz na Terra. 1996.
CHALITA,
Gabriel. Educação a Solução Está no Abfeto. São Paulo: Ed. Gente. 2001.
FREIRE,
Paulo. Uma Escola Chamada Vida. São Paulo: Ed. Ática. 2000.
Periódico:
FENKER,
Daniela & HARMUT, Schutze. Revista Mente/Cérebro – ano XVI, nº193
artigo – O fascínio da surpresa. p. 38
Ana
Lúcia Leonardo Carriço
Membro
da Igreja Batista Missionária Betel em Jardim América, Rio de Janeiro, RJ
Bacharel
em Educação Religiosa. Licenciatura em Pedagogia com
Habilitação em Administração Educacional. Pós-Graduação em Docência Superior e
Psicopedagogia.
Mestre
em Ciências da Religião.
Professora
do Seminário Teológico Batista em Duque de Caxias, RJ e
Inspetora
Educacional da Secretaria Estadual de Educação, RJ
Adultos também gostam de aprender
“Despertar a alegria da expressão e do conhecimento criativos é a arte suprema do professor.”
(Albert Einstein)
E como gosta!
A questão toda reside em termos pessoas que gostem de ensinar adultos, preparadas para fazê-lo.
Contrariamente ao que muitos pensam e até ao que muitos dizem, adulto aprende de forma diferente de criança. O adulto gosta de aprender e se envolverá de verdade no aprendizado, se os pressupostos assumidos pelo facilitador do processo forem andragógicos. Em outras palavras eu diria que ainda não descobri 100% o segredo do sucesso no ensino de adultos, mas com segurança já descobri o segredo do fracasso no ensino de adultos: Tentar ensiná-los como se fossem crianças. Ou, tecnicamente falando querer aplicar a Pedagogia no ensino de adultos. “Adulto é alguém que se percebe e se comporta como adulto.”, definiu Malcoln Knowles (The modern practice of adult education, 1980). Isso tem implicações muito importantes no ensino, pois aponta para uma dos princípios basilares da Andragogia, qual seja o da autonomia do adulto no processo de ensino e aprendizagem.
Especialmente no contexto eclesiástico, notadamente na dimensão do ensino, mas também na da pregação, o foco observado na prática contemporânea está bem distante do que preceituam os estudos mais modernos e relevantes sobre a forma de ensinar adultos.
Por esta razão, em boa hora, Zezina Soares Belan, exímia educadora, com formação acadêmica sólida e experiência inconteste na área de ensino de adultos, fez vir a lume seu texto“Andragogia em ação – Como ensinar adultos sem se tornar maçante” (Z3 Editora, SP. 134 páginas), um livro escrito com o pensamento da autora voltado para quem tem a tarefa de ensinar adultos.
Nos dez capítulos de seu brilhante texto, Zezina Belan demonstra que, não apenas é fato que adultos gostam de aprender, como também é verdade que é possível aprender ensiná-los de forma que gostem e se envolvam.
Nos três primeiros capítulos, a autora, além de arriscar uma definição de Andragogia como “a ciência que apresenta uma metodologia voltada para a aprendizagem do aluno adulto” e frisar que o adulto quer entender porque tem que aprender algo; prefere aprender o que o ajudará a resolver seus problemas e precisa aprender experimentalmente; foca em quem é o adulto: Autônomo, participativo e com capacidade média de concentração contínua em torno de 7 minutos; em como o adulto aprende de forma diferenciada.
Nos sete capítulos restantes, Zezina acende o holofote de seu texto na pessoa do professor de adultos, que precisa ser um facilitador, um agente de mudanças, um despertador do desejo de aprender; devendo explorar as características da aprendizagem dos alunos adultos através de técnicas e métodos apropriados. Procura mostrar que o facilitador precisa observar a diferença entre objetivos e conteúdo, selecionar métodos de ensino e dinamizar as aulas para estimular os adultos a prosseguirem.
O texto vai mais a fundo e aborda métodos, técnicas e recursos para o ensino de adultos, ensinado que através dos recursos audiovisuais a aprendizagem se processa com maior eficácia e que o uso simultâneo de metodologias e a ativação de mais sentidos aumentam a retenção do que deve ser aprendido. No entanto, como tudo na vida, o bom planejamento é de suma importância. Neste sentido, a autora sugere que o facilitador tenha boa visão do processo de ensino: Enxergue que antes de ensinar precisará se organizar, imaginar-se na situação de ensino, praticar e relaxar; durante o ensino não poderá se esquecer de manter contato visual com os alunos, movimentar-se e usar os recursos extraordinários da sua voz; depois ensinar precisará responder as demandas dos alunos e ir avaliando como está se dando a retenção do aprendizado.
O texto termina com uma chamamento à criatividade, deixando claro que ela resulta de esforço, vontade, força de vontade e vontade de esforçar-se. Conclui: “Sua criatividade é uma excelente ferramenta no preparo de suas aulas. (...) Solte sua imaginação (...) e lembre-se de colocar em tudo seu bom humor.(...) Não fique aí parado! Coloque sua criatividade em ação e seja um vencedor.” (páginas 132, 133).
É um texto provocativo, elucidativo e de leitura indispensável para quem deseja ensinar adultos sem perdê-los nos primeiros minutos de aula, sem irritá-los e sem fazê-los ter aquela sensação de que poderiam estar usando de maneira mais relevante e útil, o seu tempo. É um texto que tem potencial de ajudar você a ensinar adultos de forma a fazê-los contar os dias até a sua próxima aula. Leia e, como adulto, constate por você mesmo.
Pr. Lécio Dornas
Sociedade Bíblica Americana, USA
Assinar:
Postagens (Atom)